Exposição Cidades - Manaus/AM 2013
Numa época em que a imagem vem sendo construída pelo coletivo, onde todo mundo tem
uma imagem para postar e nossa percepção esta sempre mediada por alguma ferramenta de
compartilhamento, Bruno Zanardo decide construir uma exposição de” suas” fotos.
Sim, “fotos de um fotógrafo”, não de uma pessoa comum, mas um fotógrafo.
Bruno constrói sua carreira de fotógrafo em vários caminhos.
Tem trabalhos em publicidade, fotografou pessoas e produtos para revistas, passeou pelo
cinema fotografando um documentário com prostitutas em São Paulo, fez filmes mais autorais
para moda e fotografou alguns clipes com amigos.
Até onde sei esta é sua segunda oportunidade de expor formalmente seus trabalhos em um
espaço expositivo, uma galeria.
Sua primeira exposição trazia um trabalho com algumas fachadas em São Paulo, quase uma
trabalho formal e geométrico, não fossem algumas imagens que nos construía um certo
sentimento de voyeur, nos fazendo pensar em como seriam os cômodos daquelas janelas.
Esta exposição tem outra pegada. Está rica em imagens construídas de suas andanças, meio
um potpourri de seus trabalhos. Aquilo que poderia ser apenas a reunião de vários trabalhos
cheios de assuntos e universos à sua disposição, chama atenção pelo cuidado técnico do
trabalho.
Alguns podem dizer que é decorativo, como se isso pudesse ser algo menor não pertencendo
ao universo das artes plásticas, mas Bruno não se pretende artista plástico, ele é um fotógrafo.
Ele reafirma seu ofício em suas imagens.
Tem ali alguma coisa muito especial da captação do momento.
Seus trabalhos estão em um estado tão perfeito de enquadramento, luz e composição que
algumas vezes fica difícil imagina-los sendo realizados sem produção.
Suas fotos parecem tão bem captadas que podemos jurar que os ambientes são artificiais,
cenários construídos milimétricamente com uma produção enorme e todos os indivíduos que
por ventura estão presentes devem ser modelos contratados para posar para ele.
Parabéns Bruno pelo acabamento e por nos colocar através de suas imagens em alguns
momentos de perfeição artificial. Momentos clicados com foco e luz tão precisos que nos faz
repensar a naturalidade e espontaneidade com que foram tiradas. Seus trabalhos aqui
expostos põem mais um tijolinho no exercício de pensar sobre ser fotógrafo em tempos de
Instagram.

Pedro Paulo de Souza - Diretor de Arte
Eugene Atget, (1857 - 1927), fotografou durante sua
vida detalhes de uma Paris que deixava de existir diante
do progresso e que hoje somente vive na memória e em
seu trabalho.
Hoje, Bruno Zanardo com olhar diferenciado amplia esse
foco, trazendo em suas imagens uma visão privilegiada e
pontual de locais e paisagens que talvez em breve não
mais existam na esfera real, mas apenas no
encantamento de nossa memória.
As imagens com as quais ora nos deparamos, provocam
em nós o sabor da lembrança acrescido de uma pequena
porção de saudade, além de possibilitar que deixemos
um belo legado ao futuro e aos nossos sucessores.
Afinal, comover é um dos objetivos primordiais da arte,
escopo que nessa exposição foi de forma competente
atingido por Bruno Zanardo.
Ter em sua coleção um trabalho desse competente
fotógrafo e sensível artista é como poder a qualquer
momento dispor de sonhos, visões e lembranças.
A assinatura e a limitação de tiragem das obras agrega
valor a cada trabalho transformando-o, além de
incontestável prova de bom gosto, em um excelente
investimento.
Uma grande exposição e uma grande viagem de nossos
sentidos.
Elton Cecconi - Fotógrafo e profesor de fotografia

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